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Jonas

Fotografias: Rodrigo Ladeira + Fábio Lamounier

26072018

A primeira vez que nós dois (Rodrigo e Fábio) trabalhamos juntos foi há muitos anos. Éramos monitores no laboratório de fotografia preto e branco da faculdade. Passávamos os dias revelando negativos, ensinando outros alunos a como passar suas fotografias para o papel. Saíamos de lá sempre com o cheiro forte dos químicos. Nessa mesma época passamos pela fase empolgante da Lomography, uma marca que entre 2009 e 2013 fez sucesso mundialmente por trazer novamente a fotografia analógica de uma forma atual e nova. Depois com a criação da nossa produtora, fomos nos afastando do negativo e ficando cada vez mais presos no digital.

Foi há cerca de três meses que decidimos voltar a clicar para o Chicos, mas com um novo olhar. Dessa vez, iriamos usar filme, nada de câmeras digitais. Isso implicava em um olhar mais calmo, uma direção maior para as poses e apenas 36 cliques possíveis para serem feitos. O Jonas, um belga que mora no Brasil há sete anos foi o primeiro a topar esse novo desafio. Com muita calma ele viu a gente de forma enferrujada colocar o filme na câmera, testar as pilhas e o fotômetro.

Esse será o novo modelo do Chicos, pelo menos por um tempo: menor quantidade de fotografias, realizadas com mais calma e com maior conexão com o fotografado.

“Quando eu tinha 18 anos, eu vim fazer intercambio cultural em Londrina. Gostei tanto do Brasil que vinha sempre passar férias. Até que em 2010 eu encontrei uma pessoa aqui em São Paulo. Foram cinco dias que passamos juntos, ele me mostrou lugares da cidade. Mantivemos contato por um tempo e no ano seguinte tentei dar uma chance a esse relacionamento. Vim ficar seis meses, que é o máximo que você pode ficar com visto de turista. Começamos a namorar e estou aqui desde então. Mesmo que o relacionamento já tenha acabado”.

“A decisão de vir morar aqui foram dois fatores: o relacionamento e o país. Foi uma combinação de ambos. O meu plano era de logo morarmos juntos. Morou eu, ele, a mãe, a cunhada, cunhado e o filho deles. Ficamos juntos cerca de dois anos. As coisas não iam muito bem, o que conversávamos por mensagem à distancia era diferente quando estávamos perto e juntos. Os planos e interesses eram diferentes para cada um. Acabou que depois de tantos conflitos, separamos e eu fui morar no centro. Depois de um tempo começamos a nos pegar de novo, mas sem relacionamento. Ele percebeu que não tinha me dado valor, começou a fazer terapia e me chamou para fazer junto.

“Até que em janeiro de 2014, eu fui participar de um ritual de ayahuasca e lá eu consegui perceber que eu também tinha agido errado. Precisava pedir desculpa por atitudes antigas. Assim, resolvemos voltar e muita coisa melhorou por alguns meses. Até que passei por uma situação que me lembrou da nossa primeira fase do relacionamento e assim decidi separar de novo. Ficamos por dois anos sem se ver e sem se falar. Até que, o universo é foda, ne?! haha Fui na virada cultural e cruzei com ele na rua. Aconteceu o mesmo durante a parada gay uns meses depois. Nas duas situações ficamos conversando e isso foi muito bom para mim, me fez perceber que eu precisava seguir com a minha vida. Por muito tempo eu fiquei guardando coisas dele comigo, desde então consegui jogar muita coisa fora. É importante se desfazer dessas energias. ”

“Eu cheguei a relacionar com outras pessoas nesse tempo, mas eu não cheguei a chamar de namoro. Eu não estava pronto para assumir e seguir para frente.” Perguntei para o Jonas se ele ainda gostava dele e ficou em silêncio por um tempo. “É… acho que essa hesitação ao falar já fala.”

Essa conversa foi alguns meses atrás, hoje ao pedir para o Jonas ver as fotos antes de publicarmos ele me disse: “Eu tenho que agradecer vocês, porque depois de 4 anos estou namorando de novo! Conheci ele através da página do Chicos. Vocês repostaram um story dele recebendo o livro. E também a entrevista em sí foi terapêutica e me fez ficar mais pronto para um novo relacionamento. Ontem fizemos um mês de namoro, estou muito feliz.”