Andrez
FOTOGRAFIA + TEXTO: RODRIGO LADEIRA
01122017
Conheci o Andrez através da internet, acredito que foi no instagram do projeto, começamos a conversar e logo surgiu o interesse em participar do projeto. Demorou muito tempo para acontecer, entre várias tentativas, um dia finalmente conseguimos nos encontrar em seu apartamento no santa cecilia e fazer os cliques. Uma tarde com muitos cigarros, taças de vinho e uma playlist horrível!
“Primeiramente queria dizer que a pergunta mais difícil é essa. O que é ser gay para mim?! Acho que o ser gay é diferente pra cada um, depende da pessoa, da fase da vida dela, não sei. Eu ja fui “vários tipos de gay”, fui o gay que tinha fake no orkut pq não podiam saber de nada, o gay enrustido que namorou meninas, depois fui o gay que era amigo do namorado pra família dele, enfim… Depois de muito rodar e tentar me achar nos outros, hoje eu sou plenamente feliz com minhas escolhas de vida e com quem estou me tornando. Acho que todo mundo passa por perrengues na vida (graças a deus passei por poucos), mas são eles que fazem a gente crescer, cair e levantar. Mas respondendo a pergunta, ser gay pra mim é um alivio, porque se eu tivesse nascido hétero e crescido na cidade onde cresci, as chances de eu ter virar um boçal eram enormes rs então, pra mim cada dia é um aprendizado novo.”
“Me assumir pra família foi barra, mas às vezes penso que foi até melhor ter sido da maneira que foi. Minha mãe um belo dia resolveu fuçar o histórico do msn (fake coitada) e leu muuuitos absurdos, ficou sem saber o que fazer e ligou pra minha tia, minha tia também não soube e falou pra ligar pra minha vó, que por sua vez também ficou perdida e falou pra ligar pro meu pai (ou seja contou pra metade da família). Muito inconsequentes todas, porque eu tinha 14 anos na época e era meu dia de ficar com ele (pais separados). Ele que veio me abordar sobre o assunto, calmo e compreensivo até, mas depois foi aquela choradeira e psicólogos por longos anos de “é uma fase” e o resto da família ficou sabendo porque já era obvio. O único q não sabe até hoje é o vô porque tá velhinho e não precisa haha.”
“As primeiras experiencias a gente não esquece, né? Eu me descobri interessado em homens naquela fase de descobrir punheta rs. Assistindo softporn na tv a cabo pensava “ta faltando alguma coisa…” hahaha no caso era uma coisa hoje de fundamental importância hahaha.
Meu primeiro beijo foi com um “amigo” aos 16, ele se fingiu de bêbado e íamos dormir na casa dele, mas no final dormimos na minha e ele me atacou durante a noite hahaha eu tava ficando com uma menina na época, mas não sei se foi porque foi o primeiro, mas que beijo horrível. Teve a primeira vez ativo e a primeira vez passivo mas essas a gente prefere esquecer”
“Infelizmente o preconceito tá em todo lugar e em todas as épocas da vida. Começa com o bullying na escola, depois passa pros adolescentes maldosos do ensino médio e lamentavelmente quando você vê tá rolando contigo na augusta, paulista, metro, enfim… Felizmente só sofri assédios morais nesses quase 25 anos, mas é triste saber de tantos relatos absurdos que lemos/escutamos e muitas vezes acontecem com pessoas próximas a nós, mas tenho fé que estamos andando pra frente.”